Eu caminhava pela Avenida Santana em Porto Alegre, depois de ter passado a tarde inteira trancado dentro de casa, saí... Com minha calça velha preta, a que tinha um furo no bolso direito, adorava aquela calça. Atravessei a rua e cumprimentei um moço, mas não vi seus amigos na esquina, e quando o pressentimento sempre presente fez-me suar frio, aconteceu, levei dois tiros no peito... Acordei agora, nesse momento...
- Onde estou? Veio uma voz baixa saindo do corredor, essa voz se repetia devagar, se arrastando pelos corredores como se afugentasse de algo. Eu não conseguia me mover, apenas existir dentro daquele momento, que tudo não passasse de um sonho, essa era a sensação, uma vontade de saber o que estava acontecendo comigo me deixava exausto demais pra pensar em outra coisa. Abri a porta mais próxima de mim, dei mais uma olhada para o lado e segui em frente, aquela voz sussurrada me guiava pelo corredor. Uma luz forte bateu em meus olhos, um brilho tenso, forte, parecia que ia me cegar, mesmo assim continuei a procurar e quanto mais meus passos avançavam no corredor frio, mais a voz tocava meus ouvidos, Quando vi ao meu lado uma garota com o rosto amarrotado de choro, onde quando me viu, disparou um sorriso espontâneo e discreto. Olhei nos seus olhos profundamente e perguntei quem era ela, me respondeu:
- Sou sua filha!
Meus olhos escureceram naturalmente e minha mente se perdia mais uma vez...
